terça-feira, 10 de junho de 2008

Iaiá Ioiô

Quando meu mestre se foi
Toda Bahia chorou
Iaiá ioiô
Iaiá ioiôIaiá ioiô
(Coro)

Oi menino com quem tu aprendeu?
Oi menino com quem tu aprendeu?
Aprendeu a jogar capoeira, aprendeu
Quem me ensinou já morreu
Quem me ensinou já morreu
O seu nome está gravado
Na terra onde ele nasceu
Salve o Mestre Bimba
Salve a Ilha de Maré
Salve o mestre quem me ensinou
A mandinga de bater com o pé
Iaiá ioiô

CORO

Mandingueiro, veio de malemolência
Era ligeiro meu mestre
Que jogava conforme a cadência
No bater do berimbau
Salve o Mestre Bimba
Criador da Regional
Salve o Mestre Bimba
Criador da Regional
Iaiá ioiô

CORO

Aprendeu meia-lua, aprendeu
Martelo e rabo-de-arraia
Jogava no pé da ladeira
Muitas vezes na beira da praia
Salve São Salvador
Salve a Ilha de Maré
Salve o mestre quem me ensinou
A mandinga de bater com o pé
Iaiá ioiô

CORO

Quando meu mestre se foi
Toda Bahia chorou
Iaiá ioiô

CORO

———-
Autor: Edson Show

quinta-feira, 5 de junho de 2008

E tudo mudou...

O rouge virou blush
O pó-de-arroz virou pó-compacto
O brilho virou gloss

O rímel virou máscara incolor
A Lycra virou stretch
Anabela virou plataforma
O corpete virou porta-seios
Que virou sutiã
Que virou lib
Que virou silicone

A peruca virou aplique, interlace, megahair, alongamento
A escova virou chapinha
"Problemas de moça" viraram TPM
Confete virou MM

A crise de nervos virou estresse
A chita virou viscose.
A purpurina virou gliter
A brilhantina virou mousse

Os halteres viraram bomba
A ergométrica virou spinning
A tanga virou fio dental
E o fio dental virou anti-séptico bucal

Ninguém mais vê...

Ping-Pong virou Babaloo
O a-la-carte virou self-service

A tristeza, depressão
O espaguete virou Miojo pronto
A paquera virou pegação
A gafieira virou dança de salão

O que era praça virou shopping
A areia virou ringue
A caneta virou teclado
O long play virou CD

A fita de vídeo é DVD
O CD já é MP3
É um filho onde éramos seis
O álbum de fotos agora é mostrado por email

O namoro agora é virtual
A cantada virou torpedo
E do "não" não se tem medo
O break virou street

O samba, pagode
O carnaval de rua virou Sapucaí
O folclore brasileiro, halloween
O piano agora é teclado, também

O forró de sanfona ficou eletrônico
Fortificante não é mais Biotônico
Bicicleta virou Bis
Polícia e ladrão virou counter strike

Folhetins são novelas de TV
Fauna e flora a desaparecer
Lobato virou Paulo Coelho
Caetano virou um chato

Chico sumiu da FM e TV
Baby se converteu
RPM desapareceu
Elis ressuscitou em Maria Rita?
Gal virou fênix
Raul e Renato,
Cássia e Cazuza,
Lennon e Elvis,
Todos anjos
Agora só tocam lira...

A AIDS virou gripe
A bala antes encontrada agora é perdida
A violência está coisa maldita!

A maconha é calmante
O professor é agora o facilitador
As lições já não importam mais
A guerra superou a paz
E a sociedade ficou incapaz...

...
De tudo.

Luis Fernando Veríssimo

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Três em cada quatro brasileiros não freqüentam bibliotecas

Agência Brasil

BRASÍLIA - A pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, lançada na última semana pelo Instituto Pró-livro, mostrou que a biblioteca ainda é vista como um lugar desinteressante para a população. A maioria dos entrevistados - 67% - afirmou que sabe da existência de uma biblioteca pública em sua cidade, mas 73% declararam que não costumam usar o serviço. A estimativa indica que três a cada quatro brasileiros não vão a bibliotecas.

No lançamento da pesquisa, o ministro interino da Cultura, Juca Ferreira, afirmou que as bibliotecas precisam deixar de ser "depósitos de livro". Para a presidente do Conselho Federal de Biblioteconomia, Nêmora Rodrigues , espaços defasados e com poucos recursos são uma das causas do desinteresse do brasileiro.

- Elas [bibliotecas] passam por uma série de dificuldades, falta acervo atualizado e equipamentos para se tornarem mais atrativas. Hoje, com a multimídia e todas as oportunidades de interação, o computador poderia ser um atrativo para a pessoa freqüentar a biblioteca e, a partir disso, ler também o livro em papel.

Jeferson Assunção, coordenador do Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL) do Ministério da Cultura, explica que a melhoria das bibliotecas já está previstasno programa Mais Cultura. A modernização de cerca de 400 bibliotecas deve ocorrer ainda em 2008.

- Isso será feito a partir de uma perspectiva da biblioteca como centro cultural. O livro é o principal elemento, mas estará articulado com outros suportes de leitura.

A pesquisa mostra ainda que 8% dos brasileiros, cerca de 15 milhões de pessoas, não têm nenhum livro em casa. Para Assunção, o dado reforça a importância do fortalecimento das bibliotecas públicas para garantir o acesso à leitura.

De acordo com o Ministério da Cultura, 90% dos municípios contam com pelo menos uma biblioteca pública, mas, segundo Nêmora, esse número não expressa a realidade.

- Dizer que existe uma sala, um local em que se colocam livros ali dentro não significa dizer que é uma biblioteca. A biblioteca é um organismo dinâmico, ela não vive de um amontoado de livros.

Nêmora critica ainda o fato de que muitas bibliotecas escolares não contam com profissionais adequados.

- Muitas vezes, os locais são administrados por professores em desvio de função e não bibliotecários - afirma.

Para cativar aqueles que não vão à biblioteca, a Secretaria de Cultura do Distrito Federal desenvolve o projeto Mala do Livro. Uma caixa de madeira com acervo variado é deixada em pontos de grande circulação.

O público leva o livro para casa e devolve quando quiser. Não precisa de cadastro ou termo de compromisso, basta preencher uma ficha com o próprio nome e o título da obra que vai levar. Na última sexta-feira (30), uma mala foi deixada na estação do metrô de Taguatinga.

- Biblioteca é lugar de livro, metrô não. Essa é a diferença, é uma antítese que chama a atenção de pessoas que têm o hábito de ler e outras que estão pegando um livro pela primeira vez - conta Israel Ângelo, agente do projeto.

Em duas horas, dez exemplares foram emprestados, entre eles Hamlet, de Shakespeare, escolhido por Luan de Santos, de 12 anos, que pegava o metrô para voltar para casa depois da escola.

Fonte: http://jbonline. terra.com. br/extra/ 2008/06/01/ e010624001. html

Blogs ganham força e influência na internet

Com a popularização dos blogs como fonte e troca de informação na internet, essas páginas pessoais na rede chegaram a dar fama e reconhecimento aos seus autores tanto no ciberespaço quanto fora dele. Mesmo quem não atingiu o posto de celebridade da web com seu blog, pode ainda se surpreender com o grande alcance daquilo que escreve na rede.

Foi algo parecido que aconteceu com a jornalista Isabelle Vieira, cuja entrada na ‘‘blogosfera’’ se deu por acaso. Mais por falta do que fazer do que por vontade de ter um. ‘‘Eu passava muito tempo ociosa na net, então pensei: por que não ter o meu?!’’, conta a blogueira. A partir daí criou, há pouco mais de um ano, o ‘‘pirabelle.blogspot.com’’. Ela explica que utiliza o blog para escrever sobre qualquer coisa que venha à mente — desde críticas a livros e “viagens filosóficas no melhor estilo mesa de bar com amigos’’.

Dentro desse perfil de blog despretencioso, um dia Isabelle comentou em seu blog sua insatisfação com a qualidade de um simples pirulito que comprou e não gostou. Para sua surpresa, a empresa responsável pelo produto entrou em contato com a blogueira cearense e enviou-lhe uma caixa de pirulitos, já sem o problema que havia motivado a insatisfação. Isabelle confessa que ficou impressionanda ao ver que realmente tem gente que se preocupa e leva a sério o que é dito sobre a empresa na internet. “E de ver que mesmo sendo um caso isolado, eles se empenharam em não só esclarecer as dúvidas sobre a qualidade dos produtos, mas em deixar o cliente satisfeito. Achei uma postura fantástica”, diz.

Segundo Isabelle, o blog cumpre a sua finalidade a partir do momento em que ele é um espaço para compartilhar seus pensamentos, “sem se preocupar com críticas’’. ‘‘É feito pra mim e para os meus amigos baseado em fatos que aconteceram comigo ou com eles, que me dão um feedback instantâneo, seja por comentários lá no blog, por e-mail, por tel ou SMS, acredito que cumpre 100% da sua finalidade, que é simplesmente divertir’’. Mas, assim como a empresa de pirulitos, muitas pessoas que Isabelle nunca viu na vida acabam visitando sua página. “Há leitores que entram numa página que tem um link pra outra e, de repente, vão parar lá sem saber como”, diz.

O cearense Lira Neto é outro profissional da escrita que aderiu à onda dos blogs. Radicado em São Paulo, o cearense criou há um ano o “O blog do Lira Neto” (www.blogdoliraneto.blogspot.com). De acordo com ele, o objetivo da página eletrônica já vem expresso no cabeçalho: “Biografia, jornalismo, literatura e o que mais der na telha”. O escritor afirma que o espaço é usado para escrever sobre suas grandes paixões profissionais. “Aí, cabe tudo. Comentar livros, informar sobre novas publicações, dar notícias do mercado editorial e jornalístico, indicar links para textos meus publicados na imprensa e, de quebra, até narrar algumas estripulias de minha filha caçula, Emília, na seção ‘Emilianas’ ’’, conta.O Blog do Lira Neto é lido, principalmente, por jornalistas e estudantes de Comunicação. “Mas também recebo mensagens dos leitores de meus livros, artigos, entrevistas, reportagens, gente que sempre passa por lá para deixar recados e comentários sobre o que leram. Além, é claro, dos amigos’’. Para ele, o uso do blog é uma forma interessantíssima de contato com o leitor. “A interatividade é um bem precioso para um jornalista”, afirma.

O gostoso do blog, segundo Lira, é a sua forma descompromissada em relação às pressões típicas do dia-a dia de uma redação de jornal ou revista. “Escrevo ali quando realmente dá na telha. E, como trabalho escrevendo, só escrevo ali por prazer. O prazer de jogar conversa fora. De bater-papo. De prosear”, define.

Aproveitando o potencial de interatividade que oferecem os blogs, o Diário do Nordeste também conta — no site www.diariodonordeste.com.br — com blogs de vários jornalistas, especializados em assuntos como negócios, esportes, política e internet, abertos à participação dos leitores.

JOTA POMPÍLIO
Especial para o TecnoGuia

Fonte: http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=542781

terça-feira, 20 de maio de 2008

Karolina com K (Luiz Gonzaga)

Karolina foi o maior estrupício que eu encontrei na minha vida.
Ah, mulher bagunceira da mulesta... Mulher cangaceira...
Conheci Karolina num forró que eu tava tocando.
Quando avistei aquela mulherzona diferente no meio do salão,
sem dançar com ninguém, só mangando dos matutos, eu pensei comigo:
"Aquilo deve ser um pedaço de mau caminho...
Mulher bonita, morena trigueira... Cabelo comprido, boa linha de lombo..."
Aí eu comecei a caprichar no fole véio pra ver se ela dava fé de mim.
Mas ela nem fé deu. E eu pensei comigo:
"Deixe estar, danada. Se aparecer aqui um colega pra me dar uma ajuda
eu vou aí pra tu ver o que é bom pra tosse."
Aí apareceu o Anselmo.
"Ô Anselmo, pega essa sanfona aqui."
Anselmo pegou a sanfoninha, fui na banca de Sá Marica.
"Sá Marica tem cerveja? Bote um cálice. Cervejinha é essa, Sá Marica? Só tem escuma!"
"Oxente? Cerveja quente é assim mesmo!"
"Apois. Bote duas encangadas aí no fundo do pote, que eu volto mais tarde."
Aí me botei pro salão com mais de mil. Cheguei perto dela e disse:
"Que mal pergunte, é vosmecê que é a Karolina?"
Ela escorou na perna esquerda, descansou a direita,
botou a mão nos quartos, balançou e disse:
"Pergunta é bem. Karolina com K".
Ha.
"Quer dançar mais eu?"
"Só se for agora."
Abufelei. E saí com essa mulher.
Joguei ela pra direita, ela veio; joguei ela pra esquerda, ela tava aí
-- a mulher era adivinhona... Chamei a mulher no vôo do carcará --
sabe como é o carcará, né? Ele voa na vertical, pára no ar e fica peneirando...
Aí eu vim descendo com ela bem devargazinho nos meus braços.
Quando ela triscou os pés no chão, deu uma gaitada:
"Hahai, é hoje!"
"É hoje mesmo!"
Aí saímos fazendo aqueles fuxicos todos.
A mulher pegou o cabelão, enrolou na mão
-- assim como vaqueiro quando vai derrubar boi --,
pendeu a cabeça por um lado e saiu rodando...
E eu rodando mais ela, e dando cheiro no cangote dela.
A essa altura nós já tava fazendo era teatro.
Era o maior burburinho do mundo. Aí eu disse pra ela:
"Karolina, vamo acolá?"
Ela respondeu:
"Bora..."
Chegamos na banca de sá Marica. "Sá Marica, cervejinha!"
Ela botou uma, nós bebemos. "Bote mais uma!" Ela botou a outra, nós bebemos.
"Sá Marica, bote mais duas encangadas aí no fundo que nós vamos voltar mais tarde."
Voltamos pro salão. Nós não tava fazendo aquelas misérias todas mais não.
Aí nós já tava sereno. Nós já tava daquele jeito... Maior felicidade.
Aí Zé de Bahia chegou, bateu a mão no meu ombro e disse:
"Gonzaga, acabou a festa."
"Oxente? Acabou a festa?"
"Acabou pra você. Você agora vai tocar. Você que é o tocador?
Você tá aqui fazendo arte, tá fazendo até teatro, vá tocar."
"Pois tá certo!"
Cheguei perto do Anselmo e disse:
"Anselmo, passa a sanfona pra cá e vai dançar com Karolina.
Mas não vão pra longe não, hein? Fiquem dançando aqui em volta de mim."
Anselmo achou foi bom. Aí eu caprichei.
De vez em quando Anselmo passava por perto de mim,
Karolina dava uma rabanada de vestido pra riba d'eu, cobria a sanfona...
E eu sentia só aquele cheirinho de flor de amor... Maior felicidade.
Aí Zé de Bahia gritou de lá: "É cinco mil-réis! Tá na hora da cota!
É cinco mil-réis! Quem não pagar não dança! É cinco mil-r -- nãããão... Tá conversando, hôme?
Oxente? Não quero cocoré nem choro baixo. É cinco mil-réis! Cinco mil-réis! Cinco mil-réis! Cinco mil-réis!
Também foi ligeiro. Fez a cota, chegou perto d'eu e disse: "O teu tá aqui..."
Eu disse: "Anselmo, passa a sanfona aí pra Pedro Minha Garrafa."
Sanfona na mão de Pedro Minha Garrafa, Zé de Bahia me deu os quarenta, eu saí com Karolina e Anselmo.
"Vamos contar o dinheiro, Anselmo. É vinte pra tu e vinte pra eu.
Eu vou contar, pronto. Um pra eu, um pra tu, um pra eu. Um pra eu, um pra tu, um pra eu.
Anselmo, besta, com as butuca em cima de Karolina, nem prestava atenção à minha contagem.
E eu tô lá: "Um pra eu, um pra tu, um pra eu. Um pra eu, um pra tu, um pra eu.
Pronto, Anselmo. Aqui tá o teu e aqui tá o meu. Agora tu vai voltar a tocar até de manhã,
e guarda minha sanfona que eu amanhã eu vou buscar. E eu já vou com Karolina."
Chegamos na banca de Sá Marica. "Sá Marica, cervejinha, cervejinha!"
Sá Marica passou a cervejinha pra eu, nós bebemos, "Outra cervejinha!", bebemos a outra.
Aí já tava mesmo perto dali, do pé de sombrinhão onde minha egüinha tava amarrada.
Chegamos perto da egüinha, acoxei a cilha, passei a perna, joguei Karolina na garupa,
saímos escondidos pelos fundos, fomos embora.
Aí Karolina disse pra mim:
"Olha, Gonzaga! Puxa mesmo que a cabrueira vem aí atrás, parece que eles tão querendo botar gosto ruim no nosso amor!"
"Não diga isso, Karolina!"
Salpiquei a espora no sovaco, no vazio dessa égua.
A egüinha se abaixou... Saiu danada, chega saiu baixinho...
Piririco, piririco, piririco, piririco, piririco, piririco, epa!
Escoramos na beira do rio. O riacho tava cheio, rapaz. Aí a égua refugou água. "E agora, Karolina?"
"Vamos nos esconder dentro das moitas, aí por dentro do mato! "
Nós entramos no mato, a negrada vinha atrás, riscou também na beira do rio. Nós escutamos o converseiro deles:
"É, sumiram... Se encantaram... Se escafederam. Vamos caçar eles?"
"Hôme, vamos voltar pro samba, que ainda tem umas duas horas de forró..."
"É mesmo, vamos voltar."
A cabrueira voltou, e nós três ali dentro das moitas: eu, Karolina e minha égua.
E ali nós três, escutando a cantiga das águas.
Tirei a sela e lavei a égua.



Acreditem, mas meu nome foi escolhido pelo meu Pai, em reverência a esta música.
Mal sabia ele q'Eu ia AMAR tanto o meu nome e o tanto q essa história dava certo!! rsr..

SEJAM BEM VINDOS AO MEU BLOG!!!